sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Exercício mental

Ando exercitando a fala-mansa, o pensar-alto e o desejar-profundo.
Tenho a pretensão de melhoria, sou de uma maneira eficaz: autoexigente. Por mais clichê e manipuladora que pareça essa afirmação, as modificações externas são consequências do que fazemos conosco, com a nossa individualidade. É preciso nos moldar, antes de tentar alterar o externo. Quando nos tornamos o que queremos ser, pensamos de uma forma que agregue à nossa formação e mudanças, o externo por sua vez, adequasse a nossa nova visão e atitudes, intensamente. Acredito que dessa maneira, "viver" saia da posição de fardo e aloja-se numa condição mais inteligente que temos em mãos, a de obtermos "experiências". Ser a evolução que queremos ver é mais digno e conciso, o altruísmo, por exemplo, é uma atitude coerente para chegar a resultados positivos, preencher nossas mentes com o coletivismo, não pregar o mal que não desejamos para nós em outros, deixar a inconsequência de lado e eleger o amor-próprio como aliado, buscar alimentar velhas paixões por objetos/lugares/pessoas e refletir; a reflexão é sempre bem-vinda em qualquer circunstância, ela nos ajuda com o autoconhecimento e a caminhar pela estrada existencial com um olhar mais critico. E na criticidade é onde mora a sabedoria. 

terça-feira, 13 de novembro de 2012

À flor da pele

Estar à flor da pele é para poucos. Beirar precipícios é para exceções. 
É para os que exalam força, para os que sentem na pele e assumem riscos. É para os que consomem, explodem e cospem intensidade. É para os que se cortam com a faca da vida, e se permitem sangrar até sarar. É para os que desejam viver um amor incondicional, desajuizado e inescrupuloso. É para os sensíveis carnais e espirituais, que reconhecem do jeito visceral um toque, um cheiro, um olhar. É para os que mantem o brilho humano de forma sagaz e ainda assim de um modo complexo. É para os bons ouvintes e bons falantes, também. É para os que sabem berrar pra mamar, plantar pra colher e amar pra sobreviver. Estar à flor da pele é para os que deixam escorrer suor em seus rostos, para os que sentem desespero, para os que não escondem o choro; muito menos o riso. É para os que tem a música como amante, a poesia como escudo e admitem, sem resistir, que vivem todos os dias com a alma em chamas. 

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Desilusão

Não foi como eu imaginei quando criança. Você não estava em um cavalo branco, eu não estava vestida de princesa e não tinham lágrimas em meus olhos. Não houve amor à primeira vista, houve atração física, apenas. Sua família não me adora e nem fazem planos para o casamento. Não é uma relação platônica, nem a distância, não trocamos nem cartas, ora! A côrte não existe, o sexo após a cerimônia também não. Você desconhece a poesia, mas adora me ouvir falar. Não sinto decepção por não ter vivido a estória que os livros de Cinderela disseram que eu viveria, no entanto conheci a frustração ao saber que decepções existem e que elas são diárias. Considero-me um ser humano bondoso e compreensivo, mas desisto de esquecer quantas vezes fises-te o meu coração se partir em inúmeros, incontáveis pedaços. A forma nostálgica de como me conformo de que a realidade não é cor-de-rosa me deixa assim nessa melancolia sem fim, com direito a um peito dolorido, em um eterno processo de cicatrização: Ora umas feridas se curam, ora outras se abrem. É suportável, sim; superável, também. Mas é um processo que nos distancia dos sonhos infantis, das crenças religiosas, do eu-te-amo-pra-sempre e das ilusões que a nossa própria imaginação traiçoeira (juntamente com uma sociedade hipócrita) faz-nos criar. É difícil despertar e simplesmente saber que papai noel não existe e que a fada do dente jamais passou pelo meu quarto... 



quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Dança em par

Me chama para dançar a tua música. Mas me deixa sentir tua respiração bem de perto, certo? Me gira pelo ar, mas por favor, deixa o meu peito encostar no teu. Dancemos pra lá e pra cá, mas não solta as minhas mãos que estão carinhosamente entrelaçadas às suas... Sinta o meu cheiro, mas não o confunda com nenhum outro odor, reconheça-o como meu, apenas. Cante para mim, se quiser, mas não deixe que o alheio ouça, a sua voz é somente minha e o seu canto inteiro é meu! Me abrace sim, me toque sim, me queira sim, é para isso que estamos aqui. Olha a lua que veio contemplar a nossa dança, tão cheia e invejosa, ela implora por uma dança sua, mas enquanto eu souber os passos, os seus abraços serão todos meus. 


Escritos

Eu permaneço no meu “retrô” bloguezinho, mal visitado e sem aquele belíssimo designer que se espera em um site respeitado. Mas o que há de realmente bonito nele são as palavras, estando elas nas entrelinhas ou no contexto explícito, elas são reais como o calor que sinto agora, como o som que ecoa do teclado por consequência da minha digitação agressiva. Isso me lembra do quanto a língua portuguesa é bárbara como nenhuma outra. Ela descreve de um jeito singular os pensamentos e emoções que querem saltar das mentes humanas; é completa, coerente, riquíssima e profunda. Sou inteiramente apaixonada, não nego. E é exatamente essa a motivação cada vez mais contundente que me faz esbaldar em leituras: Textos, fragmentos, versos, trechos musicais e poéticos, cartas, livros, jornais e revistas. Diferentes vícios linguísticos, adjetivos inimagináveis, palavras especialmente brasileiras como a “saudade”, por exemplo. Sigo cada vez mais interessada, uma aprendiz ativa e curiosa absorvendo e observando os velhos, atuais, e eternos escritos.