segunda-feira, 17 de outubro de 2011

"Pior do que uma mulher que fala o que pensa, é uma que escreve".

Toda escrita vem da intenção de falar e não saber como, da vontade de pintar e não ser pintor, do desejo de gritar e não ter voz ou ousadia para tamanha exposição. A escrita vem das sensações, dos dissabores, fantasias; toda utopia cravada desde a infância nos peitos bondosos de certas pessoas. Não se sabe como, de onde, ou desde quando, apenas flui; como o beijo, o sorriso, à lágrima... Delicadamente flui. Surge uma incontrolável pulsação e a cabeça dói como se tivesse estourando, mãos inquietas que desejam um lápis, caneta ou um teclado, algo que juntem as letrinhas e formem palavras de refugio e liberdade que alimentem o espírito. Transcende os limites corporais, é irresistivelmente tragável, traz uma satisfação excessiva ao ego (ou não). Nasce implicante à tentação de escrever a própria historia e despejar num papel em branco tudo que se têm dentro, pensamentos: limpos, sujos, efêmeros, duradouros; sobre cicrano, fulano, mariazinha, amor, ódio, excitação, futuro, perguntas, respostas; contradição, ficção... Frutos da imaginação, uma arte particular. Escrever é consequência do existir, sentir é humano e ser humano é, ironicamente, um dom.