terça-feira, 4 de agosto de 2015

Ranço

Quero o champanhe, cansei do vinho. Quero o dia, cansei da noite. Quero a nudez, cansei do moletom. Quero o chá, cansei do café - dolorosamente. Quero a sobriedade, cansei da insensatez. Quero o divino, pois o diabólico me esquartejou. Quero dar porrada, já que apanhar me calejou. Quero o mar para navegar, cansei de nadar em você. Quero a plena melodia, cansei das letras frias. Quero a invasão de corpos, almas são cansativas demais. Quero poluir, desnutrir, planejar, racionalizar - deixar guardadas as emoções. Quero o outro lado, o oposto, o não, o bárbaro. Cansei do aqui, do sim, do fresco, do desejo. Cansei de ti, cansei de sentir.

É possível ter uma folga de si?