quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Madrugando

Qual botão eu aperto para que cesse a tortura? Estou suportando há tantas horas...

O meu cigarro acabou, as velas se apagaram, a melodia que sai das caixas de som já não supre a falta, só me arrepia. Vou lhes contar como tudo isso começou: 

A madrugada entrou pela janela, me deu "olá", jogou-se em minha cama, abriu o meu livro de cabeceira, lambeu e devorou cada página dele, aumentou o volume do som e me engoliu; sem sutileza, sem dó ou pudor. 

Contorceu os meus órgãos, judiou da minha ingenuidade, me superestimou com palavras duras e me mandou escrever, me mostrou como interpretar o mundo e moldou o meu ser. 

Próximo às 5:00h da manhã (como de costume) e já quase invisível: Ela me cospe! Joga-me na lama, me entrega de bandeja ao sono e vai embora - pela janela - com a promessa de que irá voltar.

Nomeia-me como "escrava", me manda obedecer, jura cortar os meus pulsos caso eu resista. Sem voz e sem vez, eu respondo com poucas palavras: 

- Ah, madrugada, já não mando mais em mim. Sou tua!




terça-feira, 21 de agosto de 2012

Fim

Preciso vomitar toda essa necessidade de ser observada por você.
É só você que sabe o tamanho da minha dor. É só você que suporta o que nem eu mesma tolero em mim. Você me vira do avesso com o olhar; Me decifra, me ouve sem que eu precise dizer, me cala sem que eu precise gritar, me abraça sem que eu precise pedir. Meus gestos, olhares e manias você sabe de cor e salteado, sabe tanto que é quase um hábito, sabe com a mesma facilidade que tem de escrever o próprio nome. Do jeito mais verdadeiro e limpo possível você me amou, sem maquiagens e artifícios, sem roupas e máscaras, sem limites e bloqueios. E agora sobrou a ausência, a vontade de encontrar um pouco de você em outros, o tormento da perda, o corte no coração...

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Sobrevivendo

Eu sou um poço de erros. Mas quem disse que estou na contramão? Quem determina o caminho que devo fazer: O acaso ou a minha fajuta, previsível e falha compreensão de mundo? Ando beirando os precipícios para sentir na pele o poder da existência. Tenho cavado buracos profundos em meu interior só para sentir - mesmo que na ponta da língua - o prazer do autoconhecimento. Perfuro meu próprio pulmão, vez em quando, com balas feitas de criticas e lembranças só pra ter um pouco mais de consciência.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Avassalador

Eu me permito mudar, fracassar, perdoar, confessar. Eu me permito errar, desdenhar, contrariar, mas não me permito deixar de sentir. 
Emocionalmente falando, darei sempre a cara a tapas. 
Sou minuciosamente conectada a essa estrada que - insistentemente - leva-me a filmes clássicos de drama e/ou comédias românticas, vinhos ao som de João Bosco, pernas entrelaçadas, apelidos íntimos, mensagens matinais, mãos dadas. 
Certa vez, li num blog desses de "versos amorosos", tal frase: "O amor vai até onde tem que ir. Até onde os dois quiserem. Até onde se propuserem a lutar. O amor dura para os fortes, para os que não têm medo de passar por obstáculos, por rotina, por empecilhos, por dificuldades e, também, por infinitas alegrias." De antemão, me identifiquei.
Gostei ainda mais da intensidade que existe em minha vida, me lembrei de todas as vezes que disse: "eu não te amo mais!" segundos antes de longos beijos apaixonados. 
Pode ser tempestivo ou singelo, quieto ou trágico, intrigante, clássico, tímido ou enfurecido, mas que seja, que tenha, que prove, que sinta, que vá atrás, que bata a sua porta e te prometa não fugir nunca mais.