sábado, 28 de abril de 2012

Véspera

O que se fazer quando a dor é maior que a própria essência? O que se fazer quando o chão abre-se aos seus pés e te causa a desagradável sensação de impotência? O que se fazer quando as lágrimas naturalmente caem, sem cessar? O que se fazer quando já não há apetite e a insônia prevalece? Recomeçar, talvez. Pode não ser a solução, mas é o único fio de esperança que se tem.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Pseudo-utopia


Na teoria é tudo tão mais simples. Descrevemos cores, sons, dores e até amores, mas dentro da gente dói um bocado e é muito mais conflitante do que parece. Conseguimos suavizar o que há de mais profundo, neutralizar e até diminuir a intensidade dos sentimentos, os rancores e mentir sobre o tamanho do nosso ego. Mas interiormente as coisas funcionam de uma forma diferente, a verdade grita aos nossos ouvidos numa altura eminente... Ouvi-la nua e sem pudor não é fácil, principalmente quando trata-se de si mesmo.    

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Instinto

O dicionário é pequeno diante da quantidade de palavras que eu necessito para expressar o que há dentro da minha mente. São muitas idéias, questões, opiniões, lembranças... O meu cérebro e o meu coração mantêm um diálogo incessante, mas não consigo saber se de fato eles entram em um consenso, se estão em perfeita comunhão, temo que não. O conflito é grande, e eu “toda” pago o pato. Todos os meus órgãos sofrem, a ponto de quererem explodir. Há um turbilhão de sentimentos, uma confusão interna diária. Daí eu busco a minha paz, alimento o meu humor e enfim consigo respirar levemente. Descobri que eu só preciso de fones de ouvido, boas músicas e textos saborosos para acariciar o meu espírito. Ele resplandece, re-cria forças, brilha, inspira-se e me proporciona boas propostas para desenvolver textos escritos, escolhas certas e equilíbrio emocional.  

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Imprestável

Se eu transmitisse telepaticamente um "gole" do que sinto, você não suportaria, jamais sobreviveria. És fraco! Não saberia carregar o peso de um bom sentimento, nem lidar com a tortura de uma constante saudade e muito menos decifrar os sonhos que perseguem as minhas noites mais bem dormidas. És torto! Não sabe endireitar a própria vida, cantar pra si, viver de "agora e sempre", é mais confortável viver de "agora e ali". És superficial! Receber transmissões como essas é um trabalho árduo, a responsabilidade é grande e é um caminho sem volta. É preciso, no mínimo, de um tanto de intensidade na alma.

domingo, 15 de abril de 2012

Diga não ao silêncio

Eu sou o ciúme e a revolta, pra depois ser gente. Mas não sou gente como toda essa gente, que não sente que só cala e consente. Eu aceito que tome o meu dinheiro, que tome o meu veneno e que me tome por inteira, mas não aceito a privação da arte. Me deixe ouvir, me deixe ler, me deixe aqui, me deixe ser. Ainda temos a indignação como escudo e a inteligência como arma, ainda fazemos-temos música pela graça e pela desgraça sem ser cobrados. Temos a literatura pra ora nos livrar da angustia que a ignorância traz, ora fantasiar e beber a doçura que as palavras carregam. O céu ainda está exposto para quem puder vê-lo; o mar ainda está cheio de água para quem quiser um descarrego; O ar, ainda não nos falta - exceto nos momentos em que ele já não é suficiente - a poesia é eterna e incrivelmente nos é dado o acesso. Eu não quero estar presa ao senso comum, eu não quero grades diante dos meus olhos, não aceito pouco do muito que ainda sinto e penso... Eu opto pela overdose, pelo excesso e ilimitável. E sou a primeira a dar o grito de liberdade.

Quem me acompanha?