domingo, 15 de abril de 2012

Diga não ao silêncio

Eu sou o ciúme e a revolta, pra depois ser gente. Mas não sou gente como toda essa gente, que não sente que só cala e consente. Eu aceito que tome o meu dinheiro, que tome o meu veneno e que me tome por inteira, mas não aceito a privação da arte. Me deixe ouvir, me deixe ler, me deixe aqui, me deixe ser. Ainda temos a indignação como escudo e a inteligência como arma, ainda fazemos-temos música pela graça e pela desgraça sem ser cobrados. Temos a literatura pra ora nos livrar da angustia que a ignorância traz, ora fantasiar e beber a doçura que as palavras carregam. O céu ainda está exposto para quem puder vê-lo; o mar ainda está cheio de água para quem quiser um descarrego; O ar, ainda não nos falta - exceto nos momentos em que ele já não é suficiente - a poesia é eterna e incrivelmente nos é dado o acesso. Eu não quero estar presa ao senso comum, eu não quero grades diante dos meus olhos, não aceito pouco do muito que ainda sinto e penso... Eu opto pela overdose, pelo excesso e ilimitável. E sou a primeira a dar o grito de liberdade.

Quem me acompanha?

2 comentários:

  1. "Eu não quero estar presa ao senso comum, eu não quero grades diante dos meus olhos..."
    Adorei. Especialmente esse trecho.

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  2. Grades são imposições de nossas ideias e crenças alimentadas com a fraca blindagem daquilo que acreditamos ser inteligência. Como D. Quixotes de la Mancha, lutamos com moinhos de ventos, achando que é por indignação. Só fantasia... Miguel de Cervantes, sem pudor, diria:
    !Que tonteria!
    Quantos são os sentimentos armazenados na infância e na juventude que acumulam poeira na memória afetiva. Turvam o discernimento. Precisa-se de limpeza para aparecer o que está encoberto.
    Que a palavra se liberte do silêncio sem medo de ser feliz!
    Marta

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