Eu sou o ciúme e a revolta, pra depois ser gente. Mas não sou gente como toda essa gente, que não sente que só cala e consente. Eu aceito que tome o meu dinheiro, que tome o meu veneno e que me tome por inteira, mas não aceito a privação da arte. Me deixe ouvir, me deixe ler, me deixe aqui, me deixe ser. Ainda temos a indignação como escudo e a inteligência como arma, ainda fazemos-temos música pela graça e pela desgraça sem ser cobrados. Temos a literatura pra ora nos livrar da angustia que a ignorância traz, ora fantasiar e beber a doçura que as palavras carregam. O céu ainda está exposto para quem puder vê-lo; o mar ainda está cheio de água para quem quiser um descarrego; O ar, ainda não nos falta - exceto nos momentos em que ele já não é suficiente - a poesia é eterna e incrivelmente nos é dado o acesso. Eu não quero estar presa ao senso comum, eu não quero grades diante dos meus olhos, não aceito pouco do muito que ainda sinto e penso... Eu opto pela overdose, pelo excesso e ilimitável. E sou a primeira a dar o grito de liberdade.
Quem me acompanha?
"Eu não quero estar presa ao senso comum, eu não quero grades diante dos meus olhos..."
ResponderExcluirAdorei. Especialmente esse trecho.
Grades são imposições de nossas ideias e crenças alimentadas com a fraca blindagem daquilo que acreditamos ser inteligência. Como D. Quixotes de la Mancha, lutamos com moinhos de ventos, achando que é por indignação. Só fantasia... Miguel de Cervantes, sem pudor, diria:
ResponderExcluir!Que tonteria!
Quantos são os sentimentos armazenados na infância e na juventude que acumulam poeira na memória afetiva. Turvam o discernimento. Precisa-se de limpeza para aparecer o que está encoberto.
Que a palavra se liberte do silêncio sem medo de ser feliz!
Marta