quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Faz sentido

Escrever é o início, a raiz, o poder que nos é de direito. É respirar, alimentar a alma, contemplar o espírito. Escrever é liberar energia, conter sentimentos, dificultar a perfeição, silenciar o grito, escandalizar a dor.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Por este ângulo

A leitura que você faz de mim é impecável, sem igual. O seu colo tão caloroso e com cheiro de paz é insubstituível. Fico seca, se não ouvir sua voz por um dia sequer; suja, se suas mãos não me tocarem por um tempo significativo. Necessito dessa nossa sintonia, sinto calafrios só de te olhar e morreria de tédio e desgosto sem o seu abraço, sem os seus braços. Você escreveu o livro que discorre a minha essência, nos dois últimos anos. Me vejo nas entrelinhas do discurso qual você se gaba para o mundo. Gosto da posse, do gosto, do prazer. O dia fica escuro e a minha visão turva até você me apresentar tuas soluções tão simples e eficazes, até você me encher de orgulho com esse jeito prático de enxergar a vida e as suas respectivas complexidades. Eu busquei inúmeras vezes me perder de você. Eu tentei incontáveis dias estabelecer o desencontro. Eu fugi, gritei, neguei, desapareci. Rejeitei o amor, sublimei a dor, enganei o caminho desastroso das lembranças. Com uma tesoura afiada, ensaiei o corte do nosso laço; desdenhei do grude, comprei briga, cuspi no prato já devorado. Forcei o esquecimento, enganei a saudade, fingi liberdade, mas nada disso funcionou. Felizmente, todas essas tentativas foram frustradas e enterradas. Sou inconsequentemente e inevitavelmente sua.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Perdão

Limpei com ternura e afeto as impurezas que você foi deixando pelo caminho. Passei sabão nas manchas que você causou na minha cara limpa, catei os cacos de vidro que você não se preocupou se iriam cortar os meus pés, e se houve preocupação, faltou atitude de tira-los da minha passagem. Inúmeras vezes eu contei carneirinhos para distrair da insônia que a sua impiedade me deixou como herança, mas não contei até dez para te humilhar e cuspir em seu rosto cada moeda roubada da minha dignidade. Te fiz penar pela minha dor, e te joguei um balde com toda raiva, angustia e mágoa que o comportava. E agora, nesse novo-tempo, eu me restabeleci, te restabeleci. Limpei teu nome, te arranquei do lixo do arrependimento e te dou diariamente alimentos que saciam a sua inquietação, te fiz ser "gente", renovei o papel e bebi todo o sangue derramado numa história que mais parece novela mexicana mal escrita. Tenho costurado minhas forças e pendurado meu orgulho. Tenho sido racional. Tenho sido paciente. Tenho te amado muito. Cada vez mais.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Carma

Ninguém tem o dever de sustentar o peso do outro. Ninguém tem a obrigação de aturar os pesadelos alheios e nem a precisão de absorver tanta energia e carga emocional.  Suporta quem quer as loucuras e tormentos da outra pessoa... Não me obrigue a parar de chorar, a parar de sentir; não me obrigue a não externar o que me traumatiza, me choca, me aflige. Receba essa carga se não houver agressão, receba o que suas mãos e ombros segurarem e se nenhum dos meus problemas deixarem você ficar: afaste-se. 

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Nua

Gosto de gente e de bichos, de argolas, de samba, de amor e de fazer birra. Sou dessas que gargalham sem pudor, comem sem pena ou rancor e ainda bebem cerveja pra comemorar. Coleciono fotos antigas, subo no meu próprio palco pra expor as verdades que julgo limpas. Dou uma varrida no passado, mas nunca deixo de lembrar que o que está no "lixo", pertenceu a minha vida algum dia e que todas as fases e momentos merecem respeito. Tenho a pele tão sensível quanto o coração, sinto cheiros à distância e um toque é tão relevante quanto um susto, de tão arrepiante. Meu pavio curto é mais famoso que ator global, mas tenho trabalhado à paciência com os anos (chego lá!). Sou inquieta, desassossegada, perturbada; meus pensamentos, reflexões e questionamentos jamais me deixam em paz, nem durante o sono. É quase como uma corrente de energia, sabe? Mas enquanto houver música, lua, textos e memória, aqui estarei: Viva!  

Texto para des(a)cordar...

Não há dor que outra pessoa já não tenha sentido
Não há verdade que outra pessoa já não tenha dito
Não há palavras que outra pessoa já não tenha pronunciado
Não há letras musicais que outra pessoa já não tenha escrito
Não há lágrimas por motivos desconhecidos pela humanidade
Não há novidade, há repetição. Somos individuais, com experiências particulares, mas não há nada sobrenatural no ver, pensar, ter, tocar; apenas e unicamente no ser.