sábado, 29 de setembro de 2012

Ressaca emocional

Desconheço uma forma simples de externar metade dessa complexidade que me aprisiona. Falta-me ar, chão, sossego.  Uma folga de mim mesma talvez sanasse a perturbação... Ideias fixas, lembranças inapropriadas, respiração ofegante, taquicardia são uns dos sintomas que moram em meu interior e me tiram do sério. Essa tal sensibilidade exacerbada me assusta, me desespera.  Preciso respirar um pouco mais leve, desatar os nós, despreocupar, parar de analisar; Diminuir a reflexão, cessar essa infinita observação da vida, essa constante introspecção que me chateia a ponto de querer liberar tamanha absorção de maneira histérica. A música relaxa o meu corpo e espírito, os livros me salvam de mim mesma e a escrita ajuda-me a expressar a inquietude, no entanto ainda estou presa nesse calabouço escuro e sombrio em busca de clareza  e respostas que solucionem minhas inimagináveis dúvidas.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Regeneração

Estou em meio ao caos, catando os tijolos espalhados pelo caminho para reconstruir o meu altar. Em silêncio e em transe eu passeio em meio aos outros, temendo a visibilidade. Mais do que em qualquer outra fase prezo pela transformação, nudez da alma, rasgo do coração, contorcer dos órgãos...  Olho para trás e sinto uma angustiante saudade da utopia de outrora, tão lúcida e imoral, obesa (religiosamente alimentada), arrotando letras que impressionavam a poesia, invejando-a, sempre querendo alcança-la. 
Ouço Chico, leio Fernando Pessoa e a inquietude aumenta, excito-me a cada arrepio que eles me provocam, estou sedenta da mais pura, crua e nua literatura. Não escrevo para sarar, escrevo porque dói e a dor me provoca o prazer que a minha indignação carece, já que a falta de dor causa-me enlutamento. Lágrimas e gritos já não suprem, pranto é só uma questão de estado e eu almejo mais estabilidade; quero que as palavras tapem os buracos, cessem o mau cheiro dos esgotos, as imperfeições, quero que elas vistam o mundo como se ele estivesse indo a um grande espetáculo, apresentar-se. Quero mastigar esta hipocrisia barata, pintar esta parede sem cor, ressuscitar à arte. O vento-de-mudança se aproxima, está em constante ameaça, soprando corriqueiramente. Estou no aguardo do empurrão inabalável, do Tsunami que irá cobrir impiedosamente o meu ser.  

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Fantasia

E essa sutil e profunda vontade de romantizar o mundo, me corrói... Ainda tenho a esperança de morar dentro do filme de Woody Allen, de cantar sob as estrelas, andar descalça pelas ruas de Paris, dividir tragos do cigarro com mensagens de amor embutidas neles. Quero conversar pelo olhar, fazer amor por telepatia e contar os segundos para o reencontro. Esqueço que o mal existe, desisto dos planos de vingança, desconheço o ódio e a traição. Como diria Chico Buarque: "Quem brincava de princesa acostumou na fantasia." Mas, convenhamos, é uma delícia, mesmo que por alguns segundos, viver num conto de fadas. Né não? 

Eu vejo, nós vemos, vós vedes...

Não subestime a capacidade de pensar do outro. Há uma cultura ali, experiências e educação que provavelmente você desconhece. Cada um tem os seus próprios experimentos, projetos e pensamentos estritamente individuais. Respeite o olhar alheio, especialmente quando for diferente do seu, afinal, não devemos nos fechar para as novidades de ideias que o outro acrescenta à nossas vidas, sendo elas ricas ou não. É preciso uma visão menos pejorativa sobre nossos colegas, família ou aquelas pessoas que observamos pelas ruas. Por que sempre um olhar sujo, por que maldizer e desdenhar? Experimente observar com respeito e altruísmo, e só. Diminuir - mesmo que interiormente - o outro, não te fará um ser humano melhor, nem mais bonito, nem mais inteligente, pelo contrário. O "ponto de vista" é crucial à nossa sobrevivência, então, que o tenhamos com carinho e cuidado.