O meu cigarro acabou, as velas se apagaram, a melodia que sai das caixas de som já não supre a falta, só me arrepia. Vou lhes contar como tudo isso começou:
A madrugada entrou pela janela, me deu "olá", jogou-se em minha cama, abriu o meu livro de cabeceira, lambeu e devorou cada página dele, aumentou o volume do som e me engoliu; sem sutileza, sem dó ou pudor.
Contorceu os meus órgãos, judiou da minha ingenuidade, me superestimou com palavras duras e me mandou escrever, me mostrou como interpretar o mundo e moldou o meu ser.
Próximo às 5:00h da manhã (como de costume) e já quase invisível: Ela me cospe! Joga-me na lama, me entrega de bandeja ao sono e vai embora - pela janela - com a promessa de que irá voltar.
Nomeia-me como "escrava", me manda obedecer, jura cortar os meus pulsos caso eu resista. Sem voz e sem vez, eu respondo com poucas palavras:
- Ah, madrugada, já não mando mais em mim. Sou tua!
Me surpreende cada vez mais...
ResponderExcluirSeu eterno fã!
Já estive em desertos de várias partes do planeta. É encantador. É singular. Inesquecível.
ResponderExcluirA noite e a madrugada a dentro é um convite à contemplação.
Admirar o brilho das estrelas induz a pensamentos mágicos.
Os olhos fixam no cintilar e o amor à criação é indefectível.
Mas no deserto os camelos são os maiorais.
No Egito e em Israel tive que aprender como lidar com estes animais.
Tanto para os conduzir, como para neles montar.
E a primeira orientação é mostrar para seu camelo quem manda.
Caso contrário, fica-se refém da rebeldia e insubordinação do camelo.
Com a madrugada, é a mesma coisa.
Não é a madrugada que a escraviza, mas é você quem se presta como refém.
Não é ela que lhe obriga a ficar acordada, mas é você que elege não dormir.
Se é desse jeito, não há queixas cabíveis.
Só escolhas e permissões.
Então, aguente...
Marta.