terça-feira, 4 de agosto de 2015

Ranço

Quero o champanhe, cansei do vinho. Quero o dia, cansei da noite. Quero a nudez, cansei do moletom. Quero o chá, cansei do café - dolorosamente. Quero a sobriedade, cansei da insensatez. Quero o divino, pois o diabólico me esquartejou. Quero dar porrada, já que apanhar me calejou. Quero o mar para navegar, cansei de nadar em você. Quero a plena melodia, cansei das letras frias. Quero a invasão de corpos, almas são cansativas demais. Quero poluir, desnutrir, planejar, racionalizar - deixar guardadas as emoções. Quero o outro lado, o oposto, o não, o bárbaro. Cansei do aqui, do sim, do fresco, do desejo. Cansei de ti, cansei de sentir.

É possível ter uma folga de si?

Um comentário:

  1. esquecer
    eis que ser...

    há que ser
    natureza
    viva
    em vida

    no quando paz
    livre mente faz
    não há nome
    nem cartaz
    ou olhar do outro

    há que levitar
    sobre o verde
    se embaraçar
    no absurdo
    no infinito
    no intocável
    no incabível
    no invisível
    trançados
    em si
    onde,
    horta é lã
    é fresca
    sentida,
    só por existir
    faz de cada ponto
    desaguar um rio-mãe,
    onde há colheita
    onde o fruto é a pele
    da minha alma
    vai idade -
    vem tudo -
    e venta...

    - nortes -

    arque eles
    deixe ventar
    voar é leve
    eleve-si
    para além
    de si
    isso é

    leve

    estar

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