segunda-feira, 19 de maio de 2014

Sentido

Eu sinto a dor da morte de quem não morreu 
Eu sinto nos ossos a frieza do desprezo doado
Eu sinto o aroma do Whisky de Vinicius de Moraes
Eu sinto o grito contido de Chico Buarque
Eu sinto o amor de Tom Jobim 
Eu sinto a inquietude e desesperança de Elis Regina 
Eu sinto o excesso de Cazuza 
Eu sinto o peso das palavras de Clarice Lispector 
Eu sinto o incômodo psíquico de Florbela Espanca 
Eu sinto o estrago dos corações dilacerados
que rasgam-se fio a fio, com o passar dos dias
Eu sinto a saudade da despedida 
Eu sinto o parto e o quarto desarrumado
Eu sinto a intolerância dos preconceituosos
Eu sinto o silêncio dos oprimidos
Eu sinto o choro do mundo, o canto do mundo
O buraco-vazio que compõe o mundo
Eu sinto o ensaio do que não será apresentado
Eu sinto a complexidade das relações
Eu sinto as facadas literárias
Eu sinto os conflitos das multidões
Eu sinto a ausência do prazer
Eu sinto a falta de sentido da existência
Eu sinto o nada
Eu sinto tudo, em absoluto. 

Fonte da imagem: Google.


Um comentário:

  1. Iasmin, como uma flor rara você se mostra em seus escritos carregados na tinta. Imagine agora um fotógrafo. Há elementos diante de sua câmera fotográfica, mas ele seleciona um. Escolhe o ângulo, trabalha a luz e ao clicar não é a máquina que fotografa, mas sim o olhar do fotógrafo que empresta sua qualidade e sentido ao que será revelado. O sentido é filtrado pela intenção daquilo que o olhar do ser busca. De modo que sempre sentimos o que é nosso, mas nos apropriamos do bem me quer e do mal me quer do outro. É uma realidade que devemos saber como adentrar e quando sair.
    Leia VERGER - Retrato em Preto e Branco
    de Cida Nóbrega e Regina Echeverría
    editora Corrupio.
    Descubra como somos nós que escolhemos os sentimentos que queremos curtir e como podemos ver por ângulos favoráveis até no que é difícil se ver.
    Assista - A Vida é Bela.
    Marta.

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