Digo, a mágoa e toda a desilusão permanecem intactas, mas algo de muito satisfatório toca à minha essência. Sou crucificada pela minha consciência e ainda assim tiro proveito disso (contraditório, não?). Interpreto uma perplexidade constante de mim mesma. E juro, eu ainda não me diagnostiquei; seja isso talvez que me salve do medroso-desejo de não alcançar o meu próprio fim, à minha destruição, o caos, a fossa terminal. Respeito-me agora, deixo para compreender-me depois, quando já não houver mais voz nem sentido. Sou rebelde por natureza, enfrento as tempestivas oposições, sobrevivo e sigo. Quem mais provará o sabor de ser eu mesma toda vida? Somente eu! Que seja eu então a minha escrava, a serva do meu absoluto egocentrismo.
Os teus três últimos textos estão de lamber os beiços! Ainda me surpreendo com a sua mente invejável desde o primeiro contato
ResponderExcluirEstamos aí diante de uma Zaratrusta mulher; aquela capaz de espicaçar com o mais ferrenho espinho tanto o pedante narcisista que acredita possuir a verdade quanto o benevolente caridoso que acredita possuir a razão de tudo [acha que sua obra é o sonho da ética]. Este egocentrismo pode beirar a arrogância, mas ao menos é arrogância lúcida, sabe-se que está só, e aceita-se esta condição, sem variância de espírito, sem narcisismo, e principalmente, sem sentimentalismo vazio. Não é o eu em favor de mim, tão pouco o eu em favor do mundo: trata-se do eu pelo que sou. Tenho carne, e por isso minha alma padece, por isso, melhor que ficar devaneando deveras numa fumaça narcotizante de utopias, prefiro admitir minha condição de um emaranhado de células, e em vez de ficar ruminando ressentimentos com uma existência não-humana [e talvez com uma humanidade igualmente não-humana], prefiro ditar os rumos da minha vida pelo que consta em minha razão; pena de ti que estás aí a me observar, esperando respostas floridas demais para o que esta mente arisca está disposta a formular...
ResponderExcluirHá alguns anos assiste em São Paulo uma montagem no teatro com Selton Melo no papel título da peça Zaratrusta.
ResponderExcluirEspetacular. Densa. Séria.
Até que, em uma pausa para o humor diante de todo aquele texto pesado, a outra personagem de cena de Zaratrusta, com toda pompa e circunstância que o rigor da época exigia, vira-se para ele e calmamente lhe diz:
"VÁ TOMAR NO CÚ, CAVALHEIRO"
O egocentrismo, as certezas, o rigor, as fortalezas de Zaratrusta foram pro esgoto.
E na vida real é também assim que acontece.
Sabotagem pode vir de quaisquer das partes.
Marta.
Em tempo corrijo:
ResponderExcluirA peça não foi Zaratrusta, mas ZARTROSE.
Pelo visto, ambos ficaram na pior.
Desculpas.