segunda-feira, 11 de julho de 2016

quando ela era

O tempo passou sobre ela. Não! O tempo passou esmagando a sua cabeça, passou por cima, feito a onda que atravessa as pedras. 

O cansaço havia tomado conta do seu corpo, ela não queria saber de ver, ouvir, dizer: ela não queria saber de levantar-se. 

Queria comer a inércia, beber o ócio, cuspir seu próprio suor. 
Ingênua menina! Achara que tinha enlouquecido, não lembrando que a vida, mesmo descabida e incontrolável, estava somente no início. "No início do quê?", ela se perguntava. "No final de quê?", não se conformava. 

Era uma espécie de troca de pele, um tipo de ressurreição, uma loucura explícita, um choque de realidade. 


Um choque. Uma intuição. Um recomeço.

Um pressentimento ou era apenas tristeza. 
Ela não sabia o que era nem sabia contar, mas sabia ler e lia - pra conseguir respirar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário