terça-feira, 3 de maio de 2011

"Apesar de você, amanhã há de ser outro dia"

Uma semana antes de fazer aniversário você não consegue conter-se de tanta ansiedade. Sabe que em seu mundo, será o centro das atenções, talvez no mundo dos familiares também... Talvez.
Preocupa-se em como irá comemorar, se pergunta quais presentes irá ganhar, se "aquela" pessoa irá ligar para desejar felicidade e etc. O dia enfim chega, algumas expectativas são supridas, outras decepções adquiridas, provavelmente um dia divertido, ou não. O dia enfim passa. E então parece que o mundo voltou ao normal, mas depois você percebe que nada saiu do lugar, está tudo igual, as pessoas nem lembram mais e você nem é tão importante assim para todo mundo que lhe disse isso. Algumas te desejaram "parabéns" por educação, outras foram na sua festa somente para beber e claro, não tinham mais nada interessante para fazer. Exceto os amigos, que estão "junto", tentam proporcionar as melhores emoções e demonstram o quanto te amam. Então chega o momento insuportável; o peso, a nostalgia, é quase uma ressaca moral. E tudo o que mais se quer é que essa "lembrança" de pós-aniversário vá embora. Que a semana passe, para que sua expectativa "pré" retorne daqui há uns meses.
Enfim, a maravilhosa lembrança do "meu dia", a qual eu faço questão de saborear a cada palavra lida é a do momento em que eu ganhei O livro, um dos mais interessantes que já li. Nada melhor que um romance de Chico Buarque para calar essa inquietação, curar a ressaca emocional e recolocar cada pedaço, do que se moveu por dentro, em seu devido lugar.



Um comentário:

  1. Recoste-se no divã de Álvaro de Campos, que servia de psicanalista a Fernando Pessoa e embarque na nau de sua poesia existencial:
    ANIVERSÁRIO
    "No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
    eu era feliz e ninguém estava morto.

    Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos.
    E a alegria de todos e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

    No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
    eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma.

    De ser inteligente para entre a família.
    E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
    Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças."

    Marta.

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